Precisei endurecer mais que o
tolerável para perceber que não precisa ser dura para ter firmeza, para se
sustentar. Necessitei descalçar os pés para entender que nem todo chão está
repleto de cacos e o que importa é o cuidado que se tem ao pisar. Quase não me
lembro de como é deitar ao sol por medo de me queimar demais e o ardor perdurar
por estações. Quando estava por um triz de abandonar toda minha ternura, me
redescobri, desacorrentei doçuras. Clandestinamente, ele sorrateiramente me
despertou indagações dos meus receios. Mas sem desgrudar dos seus. Talvez sua
calma seja para abrandar minha euforia. Mas sua calma me irrita, eu só queria
transpor seus sentimentos, te poupar de toda essa postura equilibrada que
insiste em reinar e dessa impermeabilidade que te restringe e me apavora.
Queria mudar a ordem das frases, reconfigurar os versos, como quem modela a
prosa de outrem. Tomar as rédeas dos primeiros passos. Quem sabe me projetar
mais na sua rotina, lhe ser inteira e rabiscar suas cismas. Mas precisei te ver
recuar para compreender como pode ser vantajoso burlar os medos quando o acaso lhe
sorri.
Talvez o melhor texto que já li aqui. Verdadeiro e intenso, nas poucas linhas que tanto exerço e gosto. Um beijo!
ResponderExcluirPS: a frase final é ótima.