Se sua cama me acolhesse, eu
acordaria mais cedo só para te ver dormir. E antes que você acordasse, fecharia
meus olhos para que observasse o quão calmo é meu sono nos seus braços. Tomaria
do seu café, brincaria com a comida para te roubar sorrisos e te beijaria com a
boca ainda cheirando a maça. Trazendo
luz a qualquer manhã cinza de inverno. Ligaria o chuveiro bem quentinho para
embaçar o espelho e nele escrever o quanto te quero bem. Observaria quietinha
todo seu ritual matutino, o cuidado ao fazer a barba e não perderia nenhuma
minuciosidade. Passaria minutos lhe convencendo que preciso ir. Lhe deixaria
com saudades no minuto seguinte a minha ausência. Mandaria sorrisos via
mensagem durante a semana para preencher os espaços que deixei quando parti. E
no próximo domingo amanheceria na sua cama novamente. Mas eu ainda nem sei seu
endereço...
quarta-feira, 25 de abril de 2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Intimidade
Vem cá! Senta aqui. Deixa-me
desabafar. Aproveite-se dessa minha vontade repentina de me expor. Aninha-me nos braços para que me sinta
confortável. Presta atenção, se eu
chorar, não me peça para parar. Deixe que as lágrimas corram soltas,
livres. Não, eu não estou triste e nem
pretendo lamentar. Apenas senti necessidade de te contar tanta coisa. Narrar
tudo que marcou e todas as mágoas que não consigo abandonar. Confessar o quanto
crescer rápido demais me doeu, mas que apreciei muito do que a turbulência me
ensinou. Não é que eu queira justificar todas as curvas que faço para chegar
até a ti, mas quero que entendas que não estou indo pela metade e nem aos
poucos. É que meu inteiro é assim: tímido, amedrontado e inseguro. Mas chega
mais perto, vem me ver despida, transparente em alma. Quero que me vejas intrinsecamente, para que
aí sim, decida se realmente veio para ficar.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Desandar
Você recuou sem ao menos saber
que meus passos milimétricos eram extensos comparados a outrem. Afastou-se
antes de entender o quanto querer dedilhar sua rotina me fez passar de limites previamente
impostos por mim. Talvez não saiba, mas naquela noite passei meu melhor batom
para vê-lo manchado em sua boca. Não quero agora desraigar tudo que alimentei
de modo tão doce e sereno. Não por vaidade nem teimosia, é querer, mas você não
compreende por indisposição. Por ser
mais fácil para você me repelir do que me puxar. A insegurança sempre me breca e
a falta de nitidez me amedrontou. O
ciúme chegou arrebatando toda predisposição que tinha de burlar meus receios
para me manter ali, na tentativa. Mas confesso que te busquei nas esquinas
previsíveis e em muitos bares da vida boêmia. Tantas pessoas eu sondei pra
saber de ti. E o tanto que te procurei? Mas só te encontro dentro de mim.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Ceder
Amanheceu cheirando chuva e enquanto despertava de um sono sereno me senti nos seus braços, seus lábios levemente beijar minha testa e suas mãos firmes deixando minhas costas para livrar o meu rosto de toda bagunça de cabelos. Poderia até jurar que ouvi seu coração batendo lento, calmo por me ter nos braços. Mas ao esfregar os olhos me distanciei de toda sensação da sua presença. Levantei tateante para ver se havia vestígios que você passara a noite aqui, mas era só a imaginação se materializando em sentidos. Então me deu uma vontade enorme de te ligar com a voz rouca e dizer que sonhei com você, sorrir tímida e te desejar bom dia. Quem sabe, talvez, te propor uma noite nossa com todas as sutilezas estendidas sobre a cama. Sussurrar que não me importo com títulos, tampouco com a minha desproteção. Porém duelo com a contradição, não quero te esperar mais ou ir sem garantias e nem cobrar sua vinda. Impaciente é meu corpo que aguarda o dia em que festejaremos a entrega.
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