Fechei os olhos e franzi a testa
contando os últimos segundos faltantes para o relógio marcar meia noite, fiz um
pedido. Abri os olhos e as estrelas tilintavam no céu como fogos de artifícios.
Respirei fundo e pude sentir ao longe o cheirinho de mar. A paz, assim como a
alegria e a tristeza: se liquidifica, fazendo rios sobre as bochechas. Chorar nunca
me veio de forma tão afável. E minha memória vagou lentamente pelos vales –
dolorosos, mas não esquecidos – dos acontecimentos que me trouxeram até aqui. A
solidão naquele momento não me era só refletora, mas também edificava parte de
mim que eu nem desconfiava que existisse. Desconhecer-me em partes era o que eu
precisava para me ampliar em ares. Todos os medos que pairavam sobre mim não eram
maiores que a minha vontade de me reformular com a chegada do novo. Então, abri
os braços ao máximo e fui os fechando lentamente em forma de abraço, como quem
abraça muitas coisas e tem medo de deixar quaisquer delas escapar. Porque eu
precisava de todas aquelas sensações para velar o fim das angústias, enterrar
partes de mim que não prosperam e no quinto mês do ano renascer.
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