quarta-feira, 16 de maio de 2012

Atrofiar o querer


Antes mesmo que eu entendesse o que impulsionou essa distância que nos arrebatou, ela já estava acrescida de tal maneira que não havia mais como questionar os motivos. Mas minhas recordações ainda são de vontades tão mais próximas, de desvendanças tão gostosas. Levei semanas para me desprender da rotina de tentar atrair sua atenção, de te trazer mais pra perto. Dias enclausurando vontades silenciosas de te surpreender com meu carinho. Não sei se te coloquei tanto dentro dos meus critérios que me desvincilhei de ver seus trejeitos mais sinceros e fui desleal com suas verdades. É que eu imaginei tanto aquilo prosperando, embrião vingando. Nós dois queríamos o fluido, o natural e o inteiro de outro ser. Talvez se os abortos passados não nos pesassem tanto nós teríamos nos entregado mais a esse interesse súbito. Eu até me roubaria dessa inércia e te tentaria de novo, mas já perdi a manha de te abordar devagarinho e cada afeto parece invasivo demais. Queria tanta coisa a mais do que subentendidos.  Queria o desvelar, o velar do sono, a paixão se transformando. Queria bem mais do que aquilo estava destinado a ser.

3 comentários:

  1. Palmas, palmas, palmas....sensacional!!!!

    Bjos :)

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  2. Que alegria passar por aqui. Não me cansarei de dizer o que adoro ler o que escreve, que me identifico demais, e que suas palavras me tocam profundamente.
    Grande beijo!

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  3. Lindo. RT @CibeleJordão Que alegria passar por aqui. Não me cansarei de dizer o que adoro ler o que escreve, que me identifico demais, e que suas palavras me tocam profundamente.
    Grande beijo!

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