quarta-feira, 27 de junho de 2012

Aposta Excedida

Enquanto não te acostumo com meus defeitos vou te viciando no meu sorriso, como se eu fosse mansa e não tivesse a pretensão de preencher seus dias com as minhas bobagens. Enquanto não te tenho mais perto vou calando minhas curiosidades te sondando em outros ares. Ah Moreno, tenho te desejado por tanto tempo que virou hábito acordar e querer saber de ti, dos seus passos, das suas implicâncias ou de deboches tão bem moldados. Mas esses passos miúdos andam me incomodando, gerando em mim uma ansiedade nada corriqueira. Há limites invisíveis tão bem delimitados fixados em você que às vezes me pergunto se não fui eu quem os preguou ali por pura covardia. Mas acho que excedemos o tempo limite para escrever essa historia, acho que só nos sobraram os registros das entrelinhas ou os quilos ganhados engolindo as frases que não foram ditas. Migramos em sentidos contrários. Correntezas opostas não fazem moinho girar.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Depoimento

Desde que entendi que tenho minhas individualidades e não sou uma parte que precisa de junção compreendi melhor o modo como gostaria de me relacionar. Nada de soma das metades ou uma meia surrada para um pé exausto. Eu quero o inteiro, a imersão em outro mundo e visões com outros olhos. Não só partilhar, como também compartilhar. Não temer relatar o passado, não precisar esconder. Queria não ter que explicar todas essas afirmações pra você. Queria que no meu abraço você conseguisse encontrar as respostas que precisa para se sentir seguro. Queria que você não precisasse questionar. Deveria me sentir confortável ao seu lado e sua calma que deveria me abrandar é o que atiça fogo em todo o rebuliço. Tão amante do avesso, não te vejo nem um terço do desejável. Gosto de ser entregue, por mais que isso destoe dos meus medos. Na verdade, é que estar entregue soa como liberdade de ser, de sentir. Não sei mais como te avançar, e nem sei se devo. Respeito seu espaço, não te invado. Permaneço estática por não abandonar minhas verdades para te adentrar, porque se é o inteiro que desejo é inteira que vou.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Reportar-se


Há um mundo inteiro por detrás da realidade que criei.  Uma realidade de muitas certezas ainda não indagadas. Tantas dúvidas em mim se perdem em meio à preguiça de desconstruir o confortável. Cegueiras infantis ainda não curadas. Represas de lágrimas contidas. Mesmo sabendo que há dores mais urgentes que as minhas não deixo de implorar por calmaria. Talvez ainda amargure os primeiros lugares não aplaudidos, os troféus que não me foram entregues e as derrotas não abrandadas. Ou talvez chore pelos sonhos retidos naquela velha sapatilha de bailarina. Mas o que arde são as paixões não vividas. Uma metade de mim cheia de receios que me priva. Me priva e me cala diante as oportunidades de vida a dois. E há um você em mim cercado de curiosidades, de histórias pela metade e carinhos abortados. Tantas roupas não impregnadas com o cheiro de um romance qualquer. E mesmo ciente desses vieses ando sorrindo mais. Continuo levando a vida com cuidado, passo a passo, para não desequilibrar. Lido com as minhas verdades, limpo os bolores. Caminho com fé. Acredito nas pessoas. Tenho sede de vivências. Me desconheço para me transformar. Hoje aprendi a me amar.   

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Expor-se

Dentre todas as curiosidades que me circundam querer entender o que te inibe e breca suas investidas laterais é a mais enfadonha. Eu sei, tenho todo esse ar de intocável e essa aparente firmeza, mas na verdade eu tenho excesso de intensidade e tenho medo e cansaço. Não deixe que minhas defesas te enganem, burle-as. Não é que eu não te queira perto, em suma quero que você queira permanecer perto. Sou manca e não me pertencem os primeiros passos. Também sou composta por inseguranças tão imaturas que me constrangem. Anseio por suas iniciativas despretensiosas e surpreender-me com pequenos atos. Desejo esse arriscar e vamos lá dar a cara a tapa. Vejo e compreendo seus passos miúdos, mas deixa disso e se apressa, porque eu tenho pressa de tentar. Mas aconteça devagarinho, fique tempo bastante pra se tornar eterno na lembrança. Vem arriscando o solido e almejando o estável. Vem sem bagagem, tira das malas os contras e abra espaço pra coragem. Vem, que o que eu quero é isso, nos colocar na área de risco. Vem e chega bem perto, sussurra no meu ouvido e me faz desarmar.