domingo, 24 de novembro de 2013

Concepção


Te escrevo sem culpa como te escrevi sem medo há meses atrás. E não há espaço para arrependimentos nessas linhas. Também não há mais tempo para subterfúgios. Não posso mais te cultivar com carinho e nem mesmo te afastar com razão. É que te enfeitei tanto que rezar pelo desapego soa como heresia. Não que eu tenha te inventado ou que as belezas que vejo sejam mentiras, mas te exaltei e acabei refém. Assumi a paixão, descobri o peito e me rendi. Te amanheci com claridades e fui tão sincera que me ardeu. Não que minhas expectativas sejam exacerbadas, mas mereço mais e por estar certa disso é que me fartei das suas imprecisões. Não que eu duvide completamente do seu querer, foi nele que pus fé, mas mal posso te ouvir dizer de novo que de um tanto lhe aconteceu. Você não é o único aqui com o coração manchado de desamor e dos dessabores da vida, não é certo rogar pela minha compreensão a cada sinal de insegurança. E lhe ofereci bem mais que compreensão e compartilhei bem mais que o superficial. Estou me libertando da intenção de te fazer permanecer e aceito a minha vontade de não mais querer. E que nos reste a solidez de uma bela amizade e se vingar, que seja eterno o nosso cuidar.