quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dissoluto*

Havia o teu corpo completamente nu estendido no tapete, no fundo da sala tocava Lou Reed e o cheiro de incenso se misturava ao nosso suor.  Sei que devíamos ter respeitado o tempo que precisávamos antes de adentrarmos nosso lado selvagem. Mas ao invés disso corremos em disparada, da boca ao órgão, do sexo a religião. Precisava acreditar em algo naquele momento, algo além da sua mão pelo meu corpo e barbitúricos. Queria estar certa que havia sentimento ali, mas não havia. Eu e você, juntos somos tão carnais que por mais que buscasse maneiras de sensibilizar nossa relação não achava, só havia madrugadas e suspiros. E por mais que ter seu corpo me hipnotizasse, eu quis mais, necessitava de algo a mais. Queria mais do que orgasmos espalhados pela casa. Quis ser sua de alma exposta e peito aberto, mas não soube te ser assim. Agora é uma pena ter a certeza que pertenço ao mundo dos que não te pertencem, porque era bonito sentar na beira da cama, te ver vir andando e te ouvir me chamar de "meu bem". Sinto saudades da sua estadia e da sua língua. Essa era minha parte procurando um espaço em você e esse era o seu vício invadindo a mim.


*Dissoluto foi escrito em parceiria com o Percy Carpenter

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