[...] foi quando você apareceu no meu
horizonte, surgiu como se sentisse o cheiro da minha vulnerabilidade. Você me
conhece em detalhes e essa é a sua maior vantagem contra as minhas negações.
Mas naquela noite não iria negar, tive certeza disso quando um ar quente se
alojou na minha nuca. Não teve jeito, de repente me vi nos seus braços “só mais
uma vez”. Em contrapartida você sorri e diz que eu sempre volto e é o que lhe
consola. Me cativa a sua disposição em me receber sem questionar, sem julgar os
meus motivos ou as minhas necessidades. E retornei algumas vezes por uma vontade
doentia de me sentir desejada, outras só pelas exigências do corpo. Me
atormenta tamanha crueldade de chegar,
te revirar do avesso e sair sem me despedir. Mas você nunca se importou,
a cada chegada me aninha nos braços como se fosse à primeira, como se eu não
fosse partir por mais um longo tempo. Você sempre achou que nunca me teve, mas
te pertenci tantas vezes que nem sei dizer. Tens minha entrega sem espera.
Queria ser livre no mundo como sou nos seus braços. Queria lhe amar com o
coração como o amo com a carne.
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