Não fala nada, só me abraça e me deixa por mais um instante no calor do
seu afago. O nosso prazo está esgotando, acabou, antecipei o fim. Ainda
que não houvesse motivos, eu quis partir. Quero ir embora antes que o
drama manche minhas boas lembranças. Quero recordá-lo assim, com esse
sorriso largo e os abraços apertados. Em que parte de mim eu escondo o
que faltou pra nós dois? Não quero mais um fantasma sussurrando em meus
ouvidos o quanto eu pequei, o quanto eu não soube amar. Permita que a
saudade me desperte o arrependimento, mas me deixa fugir. Aceito todo
julgamento e tomo pra mim toda a culpa, não por bondade, mas porque sou
covarde. Lido melhor com a solitude do que com a falta de domínio. Por
mais que eu repita que nunca quis te ferir e não imaginei partir tão
cedo, você ri e se arma com ironias. Se sente tão certo ao dizer que eu
nunca te quis, não quis investir e queria o mundo e viver só pra mim.
Nunca tentei mudar teu modo de pensar, não me esforcei pra dizer o
quanto valia cada reencontro. Mas na verdade o que te escondo foram
minhas tentativas falhas de lhe tornar naquilo que me faltava. Por
favor, não transforme tudo em dor! Despreze-me, odeie-me, mas não me
obrigue a lhe negar amor. Não insiste, não dá, meu coração não soube te
amar.
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