São tantos mistérios que te envolvem que eu não consigo me conter, a
ferocidade para despir-te é tamanha que chega ser cruel. Tenho esse lado
traiçoeiro que quer devorar sem demoras o que me atrai. Esse lado
afronta minha faceta calma e despretensiosa, apimenta e esquenta toda
serenidade. Ao domar meus impulsos, instiguei-me. Uma atração não só tão
física, mas astral. A lua negou-se a aparecer na noite em que tu era a
caça, não queria ser testemunha de um crime tão carnal. E em meio a
tantas bocas, seu sorrir era justamente o que eu queria para mim, fixei-me no brilho e na dimensão. Espreitava-te pelos cantos sem ao
menos notar seu olhar. As horas passavam e a ansiedade era corrosiva.
Não sairia de lá sem ter, sem me fazer residência. O acaso se
envergonhou com notável covardia e agiu. Era o confronto entre dois
quereres. Olhares paralisados, sorrisos congelados e intimidação.
Rompeu-se o silencio. Despertaram-se urgências. Buscava-me com firmeza a
cada evasiva. Envolvíamos em pretensões efêmeras. Não era só o sabor da
carne que ansiávamos, mas no fim da noite éramos só dois predadores …
Nenhum comentário:
Postar um comentário