quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Propensão

São tantos mistérios que te envolvem que eu não consigo me conter, a ferocidade para despir-te é tamanha que chega ser cruel. Tenho esse lado traiçoeiro que quer devorar sem demoras o que me atrai. Esse lado afronta minha faceta calma e despretensiosa, apimenta e esquenta toda serenidade. Ao domar meus impulsos, instiguei-me. Uma atração não só tão física, mas astral. A lua negou-se a aparecer na noite em que tu era a caça, não queria ser testemunha de um crime tão carnal. E em meio a tantas bocas, seu sorrir era justamente o que eu queria para mim, fixei-me no brilho e na dimensão. Espreitava-te pelos cantos sem ao menos notar seu olhar. As horas passavam e a ansiedade era corrosiva. Não sairia de lá sem ter, sem me fazer residência. O acaso se envergonhou com notável covardia e agiu. Era o confronto entre dois quereres. Olhares paralisados, sorrisos congelados e intimidação. Rompeu-se o silencio. Despertaram-se urgências. Buscava-me com firmeza a cada evasiva. Envolvíamos em pretensões efêmeras. Não era só o sabor da carne que ansiávamos, mas no fim da noite éramos só dois predadores …

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