Foi como se a noite paulatinamente se cansasse de mim e por saturação me
implorasse para parar, aliviar o peso dela de carregar todas as minhas
expectativas. Quando o sol se põe meu astral muda, meu sorriso brilha e o
ar sereno parece diminuir todos os meus bolores. É como se toda noite
eu apelasse para o acaso, o convidasse a me surpreender e amanhecesse
insultando o sol por aquecer todas as minhas dores. Daí à tarde o ciclo
recomeça e me jogo de volta num rio de hipóteses tão desleais comigo. Eu
nunca fui de mentir, nem mesmo para mim, principalmente para mim. Eu
sempre soube que por mais duro que pudesse ser mergulhar no meu âmago e
me atormentar com as minhas realidades era o que, no fim, me salvaria de
um deslize qualquer. Porém naquela noite me indispus com a sorte, não
poderia mais confiar nela. Meu desejo era singular, cruelmente
especifico. Ansiava novamente pelo seu cheiro me despertando de uma
distração qualquer, seu jeito tosco de forçar o meu riso só para me ver
apertar os olhos e seu abraço firme me roubando arrepios. E queria tão
mais, muito mais, com uma urgência que me doía. Mas são nossos
subentendidos que nos afastam, meias verdades tão covardes e frases tão
bem forjadas para abrandar o fogo que arde. Só não vou mais me enlaçar em
ilusões, se as nossas defesas são nossos maiores apreços e são as que
mais penamos em deixar, então nos deixemos passar. Até um dia, talvez.
Mas eu já não vou mais esperar.
Tdo em esperamos encontrar no nosso eu interior onde quase nada as vezes, podemos ou coseguimos traduzir por meios de ações mas, com sofridas palavras perambulando em cada gesto em cada detalhe...
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