Eu tenho medo da felicidade. O
rosa me enoja, por isso não fantasio o meu mundo com suas nuances. Tudo que é
ilusório nos desprende da verdade da vida. Felicidade extrema é um tom que não combina
com a minha pele. Essa alegria inabalável é comodidade, é se conformar com o
que esta ao seu alcance, é não querer mais do que lhe é ofertado. Não prego a
tristeza – longe de mim toda e qualquer negatividade – mas acuso a felicidade
de nos cegar. Ninguém gosta de quem é intensamente feliz, escrevo e rescrevo em
letras garrafais, NINGUÉM! Também não estou dizendo que não devemos sentir a
felicidade, mas não devemos ser feitos apenas dela. Porque há momentos de
indagação na nossa vida, há confrontos desgastantes e há vezes que guerreamos
com quem mais amamos em busca da nossa realização. E é em busca de uma felicidade suprema que
enfrentamos os contratempos da nossa caminhada. Enquanto caminho, debocho da
vida, porque se não encaramos os reveses como piada, o tempo suga a nossa
sanidade e salga o coração com o amargo do desprazer. Quando desejamos
conquistar algo, temos medo do fracasso; quando amamos, temos medo do abandono
e quando voamos, temos medo da queda. O medo de perder o que se tem já é a
garantia de que não se é inteiramente feliz. E Bob Marley que me desculpe pela
afronta, mas “o que é realmente nosso” se vai e se acaba, há de ter cuidado e
há de ter amor. Positivismo imoderado adocica, mas não nos firma. Tenho medo é
de que em nome da felicidade, eu me distancie dos meus sonhos, fuja da minha
verdade e viva conforme os padrões da sociedade, porque feliz inteiramente é
aquele que não tem que lutar para se afirmar.
Suas palavras me lembraram um texto que li esses dias sobre felicidade, dizia que felicidade plena não existe, é preciso comparação pra saber que a felicidade está ali. Sem o triste, não conheceríamos a felicidade. Uma coisa assim... Lindo texto!
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