sexta-feira, 19 de julho de 2013

Medo Maior


Eu tenho medo da felicidade. O rosa me enoja, por isso não fantasio o meu mundo com suas nuances. Tudo que é ilusório nos desprende da verdade da vida.  Felicidade extrema é um tom que não combina com a minha pele. Essa alegria inabalável é comodidade, é se conformar com o que esta ao seu alcance, é não querer mais do que lhe é ofertado. Não prego a tristeza – longe de mim toda e qualquer negatividade – mas acuso a felicidade de nos cegar. Ninguém gosta de quem é intensamente feliz, escrevo e rescrevo em letras garrafais, NINGUÉM! Também não estou dizendo que não devemos sentir a felicidade, mas não devemos ser feitos apenas dela. Porque há momentos de indagação na nossa vida, há confrontos desgastantes e há vezes que guerreamos com quem mais amamos em busca da nossa realização.  E é em busca de uma felicidade suprema que enfrentamos os contratempos da nossa caminhada. Enquanto caminho, debocho da vida, porque se não encaramos os reveses como piada, o tempo suga a nossa sanidade e salga o coração com o amargo do desprazer. Quando desejamos conquistar algo, temos medo do fracasso; quando amamos, temos medo do abandono e quando voamos, temos medo da queda. O medo de perder o que se tem já é a garantia de que não se é inteiramente feliz. E Bob Marley que me desculpe pela afronta, mas “o que é realmente nosso” se vai e se acaba, há de ter cuidado e há de ter amor. Positivismo imoderado adocica, mas não nos firma. Tenho medo é de que em nome da felicidade, eu me distancie dos meus sonhos, fuja da minha verdade e viva conforme os padrões da sociedade, porque feliz inteiramente é aquele que não tem que lutar para se afirmar.

Um comentário:

  1. Suas palavras me lembraram um texto que li esses dias sobre felicidade, dizia que felicidade plena não existe, é preciso comparação pra saber que a felicidade está ali. Sem o triste, não conheceríamos a felicidade. Uma coisa assim... Lindo texto!

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