Eram meus olhos que me entregavam ao falar de você, por mais
serena que eu tentasse parecer, eles insistiam em brilhar e me
constranger. Meus lábios tremiam e reprimiam as lagrimas que por tantas
vezes desejaram ser rios. Meu corpo todo se alarmava ao ouvir seu nome.
Era uma predominância do amor dominado pela dor. E quanta dor, era o que
sobrou, viver o luto do fim. Mas o que me corroía eram as esperanças
vans, a ficção de um retorno histórico e a certeza do quanto o
sentimento era recíproco. Hoje somos o avesso do que fomos
e não somos o que mais queríamos ser. Quantas vidas não dariam suas
vidas pelo amor? Eu não! Eu me escolhi e fui feliz. Amor não é
abandonar-se. Amor não pode ser sinônimo de dor, de penar. Amor tem que
ser leve pra flutuar, pra fluir e encorajar. Amor divide pra somar! Uma
década, foi o tempo que levei pra te viver, te consumir em mim até
acabar. Despeço-me sorrindo, um súbito alivio de quem viveu de amor e
amou por inteiro. Peço-lhe perdão em pensamento por abandonar todas
nossas promessas de amor eterno. Desculpa por não cumprir o
que prometi, mas te amar pela vida toda e te esperar sorrir novamente
seriam enganos dolorosos demais. E por fim o que te desejo é o não me
amar, é me deixar ser livre e se libertar de todo nosso romance
tristemente épico. Mas esquecer-te é humanamente impossível, os traços
do que vivemos é muito do que me moldou. Hoje foi mais um dia que
acordei não querendo você e isso soa tão permanente. Sinto-me liberta,
renovada e ansiando pelo novo. Deus me livre de amar só uma vez!
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