Nunca te tratei como uma
distração da solidão ou satisfação de uma carência qualquer. Não sou assim, a solidão não me atormenta e a
carência não me desconcerta. O que me incomoda é estar vazia de você, carecer
dos seus cuidados e esperar que seu abrigo seja minha proteção. Hoje a sua
ausência pesou e te desejei no canto da cama oferecendo seu colo como repouso,
medicando as minhas dores com carinho e sussurrando ao meu ouvido alguma
explicação relevante. Mas minha atenção seria sua porque tudo em você me
interessa, porque tudo em você transforma algo em mim. Imaginei-me no silêncio
decorando seus traços, tentando descobrir como o tempo marcou cada risco do seu
rosto. Me acostumaria com as suas manias, traria inverno em pleno verão só pra
te aquietar, comeria os chocolates que despreza e até decoraria a ordem da sua
coleção de discos. Ah Nego, sei que sabe das minhas birras, sei o quanto seus
receios lhe calam e sei que achas que me conhece da pele ao avesso. Mas o que
não sabes é que pensar em ti no futuro do presente me faz sorrir.
Gostei bastante, uma realidade bem abordada.
ResponderExcluirque bonito o texto. doçuras também formam um bom enredo.
ResponderExcluir