quarta-feira, 4 de julho de 2012

Desabrigado

Era tudo azul naquela manhã, o céu sem nuvens, o mar de poucas ondas e seus olhos que ficaram ainda mais translúcidos com a clareza do dia e me impediram de qualquer investida ríspida. Foi então que desejei esquecer algumas verdades para te tentar com mais leveza.  A brisa deixava no meu rosto um rubor menor do que seus elogios imoderados ou as piadas maliciosas. Por instantes as minhas recusas a suas investidas pareciam não fazer sentido - você estava ali - liberto de medos e receios, todo cheio de atitude e um querer sem delongas. Mas meu pensamento me traiu e eu vaguei em imaginações, transferi suas atitudes tão claras e certas para outro alguém, e me encontrei sendo feliz em outro contexto. Não é justo, eu sei. Se fossem por ordens minhas meus quereres seriam seus. E então, eu te nego mais uma vez, não por maldade, não sem dor. Fujo, porque não sei ser sua morada.

2 comentários:

  1. E fugir também é entrega, de outro tipo, em outras dimensões. Renúncias.

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  2. Nossa, eu fico com um pouco de vergonha de comentar sobre textos interessantes como esse, porque sinto que serei uma boba. Mas adorei a situação proposta, e a escolha de quem foge revela muito caráter.

    Você escreve muito bem :)

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